Estava eu passando pelo twitter quando me deparei com essa citação: Não importa o que a vida fez de você, importa o que você fez com o que a vida fez de você. [Sartre] - na citação de alguém que surpreende pela escolha do filósofo.
Quem foi Sartre? Além de um fenômeno intelectual, podemos dizer que ele viveu sua vida extravagante como quis e morreu em miséria material e espiritual. Também, fé não foi algo que cultivou, assim como também não guardou do que ganhou nem para pagar a conta de telefone, que estava cortado quando passou mal e precisou de socorro nos seus últimos dias de vida. Suas muitas mulheres talvez tenham feito melhor uso do seu dinheiro...
Deixando de lado a escolha de quem citou e o autor da frase, vamos ao que informa, ou deforma: o texto. No trecho “o que a vida fez de você”, parece dar à vida a capacidade de agir no indivíduo de forma a determinar o que ele se torna. O sentido mais próximo para “vida” parece ser do Houaiss: o conjunto dos acontecimentos mais relevantes na existência de alguém. Mas, segundo o texto, isso não é o mais importante, e sim, o que o indivíduo fez com isso. Ora, se é a vida que determina o que vai ser ou deixar de ser no indivíduo, então ele, de fato, não opera no plano de ações, mas de recepção das ações, o que, é claro, não o impede de reagir. Mas dizer que os acontecimentos mais relevantes não importam parece estranho, já que a base da ação do indivíduo está exatamente no repertório que a vida lhe fornece.
Outro detalhe é que “fez” é Pretérito Perfeito do verbo “fazer”, o que implica dizer que a ação foi concluída. Ora, como a segunda parte também está no mesmo tempo e modo verbal, está tudo acabado para “você”. Ou o tradutor não foi fiel ao texto original em francês ou a frase é para quem já morreu, a menos que você seja bom em aprender com os erros e/ou acertos dos outros e entenda “você” como o morto... Mas como é filosofia, não importa ser prático, basta ser bonito! Ou não...