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sábado, 19 de novembro de 2011

Vivendo e aprendendo...

Se eu dissesse para alguém “Minha derrota é certa!”, provavelmente a pessoa olharia para mim com uma cara de “quanto pessimismo”. O fato é que a mesma frase poderia ser uma expressão de otimismo... Explico!

Outro dia um amigo pediu para que eu verificasse a frase “Dada por finda a nossa derrota”, da Canção do Marinheiro[1] – sem consultar alguma fonte, apenas entendi que a frase queria dizer que a partir daquele momento não haveria mais perda, apenas vitórias... Ledo engano! Meu amigo deu a dica e pediu que eu verificasse a origem da palavra. Lá estava!!! 

Etimologia da palavra “derrota”:
de- +rota 'caminho', do fr. route (1121-34)'via, caminho, rota',der. do snt. lat. rupta (via) 'caminho rasgado, desbravado', donde 'caminho que se costuma seguir, rota', red. a rupta, fem.substv. do lat. rúptus,a,um,part.pas. de rumpère 'romper'; o der. vern. 1derrota é f.divg. de 2derrota, esta com orig. no fr.ant. desro(u)ter/desruter 'debandar, pôr em fuga', do lat. dirúptus,a,um 'quebrado, desordenado', part.pas. do v.lat. dirumpère 'romper, quebrar, desorganizar'; ver romp-[2].

É isso: Nossa derrota é certa!!! Ou não...


[1] Letra: Segundo Tenente (Refº) (Marinha do Brasil) - Benedito Xavier de Macedo
[2] Houaiss online.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Reclamação de um ateu

Recebi dois links de vídeos que uma leitora me enviou para saber minha opinião. Um deles, eu ouvi com sacrifício, porque eu tenho grande dificuldade de lidar com radicalismos, de qualquer origem, mas é sempre proveitoso analisar opiniões, confrontar nossas próprias ideias e tirar o que, na opinião do receptor, for bom. O vídeo era um desabafo de um ateu indignado porque um prefeito instituiu o Ensino Religioso nas escolas de sua cidade.

Há uma ideia errada que circula na sociedade, que é achar que todo ateu é [1]inteligente, e que é por causa do excesso de inteligência que ele não crê em Deus. Como, para algumas pessoas, o conceito de Deus não é inteligível, não cabe em uma “mente superior”. Eu arriscaria dizer que o próprio ateu pode pensar que é o supra summu do conhecimento e, por isso, eliminou do seu repertório essa coisa prosaica de fé. É claro que não é o excesso de inteligência que impede uma pessoa de aceitar crer ou não crer. Há um conjunto de fatores que contribuem para uma pessoa fazer essa escolha, que pode ter forte participação da inteligência... Ou não! Também diria Caetano que “Narciso acha feio o que não é espelho”[2]. Fatalmente o ateu vai pintar o religioso de “diabo” e o religioso simplesmente eliminará a possibilidade de existência do ateu. É isso que torna o verso de Caetano universal: reflete a natureza humana ou, talvez, desumana. 

Não indico o tal link porque o autor trata com desrespeito qualquer pessoa que não concorde com ele. O interessante do vídeo é o fato do autor sugerir que aceitaria o ensino religioso nas escolas se fosse levado como história das religiões. É singela a forma inocente como ele faz a sugestão, porque até a pessoa com a menor carga de inteligência pode saber que não há discurso sem intenção. Quem faz a história é o historiador e não os fatos. Tanto é assim que, no passado de muitos de nós, Pedro Álvares Cabral era o descobridor e praticamente “o salvador” do Brasil, Tiradentes era a imagem da salvação... E por aí vai. Hoje, outros historiadores contam outras histórias... Mas sempre é possível que haja grupos ou pessoas que trabalhem pela informação, é difícil encontrar, porém, tudo é possível ao que crê. Um bom exemplo disso é a revista História das Religiões, publicada recentemente pela Editora Abril; também o sociólogo francês Émile Durkheim apresenta ideias interessantes de seus estudos sobre o fenômeno religioso.

Na minha experiência de vida, encontrei dois tipos de ateus: aquele que tem algum problema não resolvido com a questão religiosa, revolta pelo que chamaria de ausência de Deus em momentos difíceis de sua vida - e esse tipo, em geral, fala de religião com desprezo; e o outro tipo é o bem resolvido, esse é o tipo de pessoa que lida bem com sua maneira de pensar, não levanta bandeiras, simplesmente tem opinião firme. De qualquer maneira, o ateu é uma pessoa de extrema fé, porque é preciso ter muita fé para olhar as leis da natureza, olhar a si mesmo, não ter a menor ideia de onde veio tudo isso nem para onde vai e mesmo assim não cogitar a possibilidade de uma inteligência superior no comando disso tudo – mesmo que a explicação para essa postura seja a podridão das sociedades.

Sobre a podridão das sociedades, precisamos reconhecer que a direção de uma nação está principalmente nas mãos do governo que gera recursos para projetos, cria leis etc. e nas mãos da mídia que diz o que quer, como quer, no momento que quer. O povo recebe tudo, a maioria assimila porque é bombardeado de todos os lados e fica valendo o “Se não posso vencê-los, junto-me a eles”. O resultado disso em uma nação onde impera o mau caráter é uma sociedade perversa. Todos os sistemas ficam corrompidos: sistema de saúde, político, educacional, religioso... É comum atacar os sistemas como se eles se fizessem sozinhos. Sabemos que não é assim. Sabemos que pessoas criam sistemas corruptos. Os discursos estão sempre atacando os sistemas, e o que melhora? Nada. É preciso corrigir as fontes: governo e mídia.

O vídeo em questão também mostra algo muito sério: a manifestação da intolerância. O jovem fala sobre intolerância religiosa com uma postura e um discurso constituído pela intolerância. Certamente muitos irão gostar, apoiar e atirar mais algumas pedras nos “loucos religiosos”. O rapaz chega a dizer que se uma família ensinasse um credo para seus filhos deveria receber visita do conselho tutelar – melhor nem comentar isso. Como bem disse alguém em um blog a respeito do modo pragmático de resolver as coisas: “A verdade não tem mais de ser buscada; ela se encontra em nós mesmos pronta para ser usada e sem objeção alguma”[3]. Que pena para quem pensa e vive assim, porque só tem a si mesmo como referência. O mundo de uma pessoa só é muito pequeno... E o mundo de muitas pessoas há de enfrentar suas diferenças...



[1] 1. faculdade de conhecer, compreender e aprender
2. conjunto de funções psíquicas e psicofisiológicas que contribuem para o conhecimento, para a compreensão da natureza das coisas e do significado dos fatos
3 Rubrica: psicologia.
   capacidade de apreender e organizar os dados de uma situação, em circunstâncias para as quais de nada servem o instinto, a aprendizagem e o hábito; capacidade de resolver problemas e empenhar-se em processos de pensamento abstrato
(Houaiss on line)
[2] Música - Sampa.
[3] http://suprasummu.blogspot.com/ - consultado em 01 abr 2011.