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terça-feira, 26 de julho de 2011

Dos sentidos

1.  O cão mordeu o garoto.

2.  O garoto mordeu o cão.

São as mesmas palavras, porém, em diferentes construções, mudam completamente o sentido. Na primeira, entendemos que algo normal aconteceu; na segunda, algo muito estranho. Nisso reside o poder da palavra: nós construímos seu sentido. Eis um bom motivo para ter cuidado no uso que é feito da palavra. Por ela se produz vida ou morte; alegria ou tristeza; compreensão ou confusão; esperança ou desânimo; louvor ou maldição... 

Antes de repetirmos o que ouvimos ou lemos, precisamos responder duas questões: Que uso quero fazer disso? Minha repetição representa concordância ou confronto? Só os tolos reproduzem palavras sem refletir.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Poética de uma palavra

Frase de um filme: “Nada que alguém diz antes de um ‘mas’ tem valor”. Para entender toda a carga de sentido dessa frase, é preciso saber o que há de especial na palavra “mas” que muda todo o valor do seu contexto. Não é novidade que uma simples palavra pode produzir mais de um sentido, ou, ainda, possuir mais de uma classificação. No contexto da frase, o “mas” é tomado como conjunção adversativa, o que significa dizer que “introduz o segmento que denota basicamente uma oposição ou restrição ao que já foi dito[i]”.

A carga poética da frase está no fato de que, em geral, ao dizermos algo e logo em seguida acrescentarmos um “mas”, introduzimos uma ideia oposta ao que foi dito antes, logo, conforme a frase, poderíamos dispensar a introdução e ir direto ao que realmente deve ser dito. O que faz a poesia não é a limitação do sentido ou do uso, mas a abertura de possibilidades de interpretações e, sem dúvida, a frase apresenta esta característica.




[i] Houaiss online.