Se entendermos que
laica é toda instituição que é independente em face do clero e da Igreja, e, em
sentido mais amplo, de toda confissão religiosa, já temos algumas dificuldades
na produção de sentido. Toda instituição não existe por si mesma, ela é o que
os seres humanos que a conduzem são – em geral, se considera a instituição de
acordo com o comportamento da maioria dos indivíduos que a compõem ou daqueles
que se destacam em liderança na organização.
O máximo que se pode
conseguir de pessoas é que elas respeitem o posicionamento religioso de outros,
jamais que elas sejam destituídas de posicionamento; até a falta de
posicionamento é um posicionamento. Um dos significados de religião é
devoção... Quer devoção maior do que a do ateu por si mesmo? Ele é o próprio
deus a quem cultua! Logo, até o ateu tem sua religião bem constituída.
Como, em nome do bom
senso, podemos achar que alguma instituição pode ser laica? Quem organiza? Quem
faz as regras? Quem ordena as partes? Simples: PESSOAS! Logo, sempre haverá
manifestação do que se crê ou não se crê! Ainda mais no tempo que estamos vivendo,
em que toda a cultura está repleta de crenças mascaradas em letras e imagens.
Sejamos sensatos: os muros caíram! O laicismo é uma ilusão que tentam sustentar
na esperança de não se tornar escravo de um sistema, mas a fuga de um sistema
joga, fatalmente, os indivíduos em outro sistema com outras regras – mesmo que
seja não ter regra, o que já é uma regra!
Quem quer Estado laico,
escolas laicas, sociedade laica, tudo laico deve eliminar as pessoas para conseguir isso. Não esquecendo de eliminar a si mesmo, isso é essencial para o desejo se
concretizar! Da minha parte, assumo a necessidade de participar de organizações
imperfeitas, com pessoas imperfeitas, respeitando posicionamentos, mas tendo a
liberdade de expressar meu não laicismo todas as vezes que me vejo desafiada a
ser o que fui chamada para ser: seguidora de Jesus Cristo! Como diriam, há
séculos, uns adolescentes que andam por aqui: “Desculpa aí” se temos um mundo
cheio de gente esperta que não crê em coisas simples, mas não posso abrir mão
de Jesus apenas em favor da inclusão social... Não sou deste mundo!